sexta-feira, 24 de julho de 2015

O cotidiano dos operários ingleses no século XVIII...

      " Todos os dias, o apito pungente da fábrica cortava o ar enfumaçado e pegajosos que envolvia o bairro operário e, obedientes ao chamado, seres sombrios, de músculos ainda cansados, deixavam seus casebres, acanhados e escuros, feito baratas assustadas. Sob o frio amanhecer, seguiam pela rua esburacada em direção às enormes jaulas de pedra da fábrica que os aguardava desdenhosa, iluminando o caminho lamacento com centenas de olhos empapuçados. Os pés pisavam na lama. vozes sonolentas emitiam roucas saudações, palavrões dilaceravam, raivosamente, o ar. Mas eram diferentes os sons que colhiam os operários: pesadas máquinas em funcionamento, o resfolegar do vapor.
       As enormes chaminés negras, qual grossas toras de madeira apontavam para o céu, dando ao ambiente um ar sombrio e severo.
      Com o pôr do sol, cujos raios vermelhos iluminavam, cansados, os vidros das casas, a fábrica vomitava os seres de suas entranhas de pedra, como se fossem escória, e eles voltavam a espalhar-se, pelas ruas, com o rosto enegrecido pela fuligem, sujos, fedendo a óleo, com o brilho branco dos dentes famintos.
Por hora a tortura do trabalho havia terminado. Aguardava-os, em casa, o jantar e o descanso." 
Fonte : Braick R.,Patrícia e Mota B.,Myriam. História das Cavernas ao Terceiro Milênio, pág.141, vol. 2.