terça-feira, 19 de março de 2013

Páscoa, tempo de festa


Missa de celebração da Páscoa: o domingo marcava o fim da privação das proscissões características da Quaresma
Missa de celebração da Páscoa: o domingo marcava o fim da privação das proscissões características da Quaresma


Evitar os excessos? Que nada. No Brasil Colônia, as atividades da Quaresma agitavam a vida social.


No Brasil, o carnaval custa a terminar. Arrasta multidões para as ruas de Norte a Sul, avançando sem pudores sobre o limite determinado pela quarta-feira de Cinzas. A atração exercida pelos folguedos vem de longe e deu o que fazer ao clero e às autoridades municipais ainda nos primeiros tempos da colonização.

Entre 1604 e 1691, uma série de alvarás e posturas tentou conter os abusos praticados durante o entrudo, ancestral do nosso carnaval. Com a intenção de afastar os colonos das batalhas recreativas com baldes d’água, ovos, laranjinhas e limões de cheiro, os jesuítas introduziram, em 1616, a adoração de quarenta horas no decorrer do entrudo – como haviam feito em Portugal uma década antes, pelo mesmo motivo. Ao longo dos três dias de folia, o Santíssimo Sacramento ficava exposto dia e noite num altar iluminado pela chama de vinte velas. Mas o empenho dos padres em antecipar o clima da Quaresma e destronar o entrudo foi insuficiente, e a iniciativa caiu no esquecimento.

Passado o tempo de excessos, enfim a Igreja poderia fazer valer suas orientações. Afinal, os quarenta dias que separam o carnaval da Páscoa eram considerados, desde o século VII, um período preparatório dedicado ao jejum, às privações voluntárias e às mortificações capazes de aproximar os fiéis do sofrimento vivenciado por Cristo.

Mas não era bem assim que funcionava no Brasil. Ao longo da Quaresma, uma série de eventos religiosos levava a população a se deslocar permanentemente entre missas e procissões, agitando a vida social a tal ponto que as idéias de contrição e recolhimento evaporavam.

Parte desse desvirtuamento se explica pela própria natureza de nossa colonização. Foi lenta a instalação dos bispados em todo o território, e era pequeno o número de clérigos capazes de orientar a população. O resultado foi, no geral, uma formação católica bastante superficial. Não eram incomuns atos de franca zombaria e desrespeito às figuras sagradas. Thomas Luis Teixeira, ex-alferes da infantaria e morador de Belém, foi denunciado ao Santo Ofício no Estado do Grão-Pará, em 1773, por desacato à imagem de Cristo durante uma procissão da Quaresma. Thomas teria lançado com força, do sobrado onde morava, um vaso “de imundícies fétidas, escarosas” sobre o andor que carregava o Senhor Crucificado. O impacto da pancada foi tamanho que espatifou a imagem e cobriu de excrementos os participantes do cortejo.
"Um viajante francês considerou falso o espetáculo
da autoflagelação: muitos dos participantes se mortificavam
diante das donzelas para despertar compaixão"

Missa de celebração da Páscoa: o domingo marcava o fim da privação das proscissões características da Quaresma
Missa de celebração da Páscoa: o domingo marcava o fim da privação das proscissões características da Quaresma
E nem é o caso de se culpar somente os colonos por sua fé pouco ortodoxa. Em Portugal, na mesma época, a Quaresma estava longe de ser um período de abstinência e meditação. Havia procissões todas as sextas-feiras, e o recomendado jejum era facilmente substituído por doações caridosas às obras de alguma paróquia. Assim, podia-se comer à vontade, sem remorso. Toda procissão virava pretexto para reuniões, bailes familiares e encenações cômicas regados a chás e bolos. Até os monges se permitiam substituir a manteiga e o açúcar do arroz-doce por leite de amêndoas.

Na Colônia, como em Portugal, o início da Quaresma era marcado pela Procissão das Cinzas, realizada na quarta-feira após o carnaval, sempre por iniciativa da Ordem Terceira de São Francisco. Instituído no Rio de Janeiro, em Salvador e em Olinda no século XVII, o cortejo passou a integrar o calendário das festas religiosas do Recife, da Paraíba, de São Luís e de Vila Rica (Ouro Preto) somente no século seguinte. No Rio, o evento aconteceu pela primeira vez em 1647 e, desde então, tornou-se o mais espetaculoso da cidade.

Anjos, virgens, confrades enfeitados, devotos com tochas acesas, clérigos e guardas militares desfilavam acompanhados de vinte andores adornados com luxo e riqueza. Após as salvas de mosquetaria, a procissão descia a Ladeira de Santo Antônio, atravessava o Largo da Carioca e percorria as principais ruas do Centro, detendo-se nas várias igrejas do percurso. No fim, o préstito retornava ao Morro de Santo Antônio, onde a irmandade distribuía amêndoas e confeitos às crianças que haviam figurado como anjos no cortejo.

O evento das Cinzas também ficou conhecido como Procissão da Penitência. Uma referência explícita ao exército de flagelantes que, para purgar seus pecados, lanhavam os ombros com navalhas, bolas de cera aramadas ou cacos de vidro à saída do préstito. A cena causava comoção entre os católicos praticantes e os espectadores mais sensíveis, mas provocou estranheza no viajante francês Le Gentil de La Barbinais, que considerou o espetáculo extravagante e falso, ao visitar Salvador em 1717.  Sobretudo depois de constatar que muitos participantes se mortificavam com violência diante das donzelas para despertar compaixão.
Semana Santa em Olinda e Recife
Em Olinda e no Recife, o cortejo também atraía multidões. Na capital pernambucana, a procissão era aberta pelo “papa-angu”, figura que se vestia com uma longa túnica preta, mantendo a cabeça coberta por um capuz com dois orifícios na altura dos olhos, e munido de um comprido relho, destinado a fustigar aqueles que obstruíam sua passagem. Conhecido noutras paragens como “farricoco”, o tipo participava de outros cortejos, como o do Senhor dos Passos, criado para recordar o drama de Jesus Cristo até o calvário. A procissão assumia a forma de um teatro volante e detinha-se em vários pontos para encenar os episódios mais marcantes da Paixão. Em Portugal, acreditava-se que aqueles que seguissem por sete anos a fio a procissão dos Passos teriam a garantia de não morrer em pecado mortal.
A malhação de Judas é um ritual desde os tempos coloniais. No sábado de Aleluia, as pessoas de comportamento inadequado são representadas pelo apóstolo traidor
A malhação de Judas é um ritual desde os tempos coloniais. No sábado de Aleluia, as pessoas de comportamento inadequado são representadas pelo apóstolo traidor
O clímax das cerimônias religiosas ocorria na Semana Santa, com as procissões de Fogaréus, na quinta-feira de Endoenças, e do Senhor Morto, na sexta-feira da Paixão. Organizada pela Santa Casa da Misericórdia, a de Endoenças recordava a Última Ceia e não exibia andores nem imagens de santos ou da Virgem, apenas um painel com o Cristo coroado de espinhos. Duas longas filas de homens vestidos com casacões negros de capuz iluminavam o trajeto com uma espécie de candeeiro preso a uma vara de pau, daí o nome Fogaréus. Uma legião de flagelantes catalisava as atenções: nus da cintura para cima e armados de chicotes, açoitavam a si mesmos insuflados pelos farricocos.

No dia seguinte, sexta-feira da Paixão, tinha lugar a procissão do Senhor Morto ou do Enterro, realizada pela Ordem Terceira do Carmo. No Rio de Janeiro, o evento teve início em 1658 com toda pompa e circunstância: aberto pela guarda militar, conduzia uma grande cruz alçada com o Santo Sudário trançado em seus braços, escoltado por tocheiros. Na seqüência, crianças ricamente vestidas de anjos carregavam os emblemas da Paixão e abriam caminho para os irmãos do Carmo. Atrás, sob um luxuoso pálio cercado de círios com tochas de cera roxa, avistava-se um esquife de prata com o Senhor Morto, parcialmente coberto por um manto violeta de franjas douradas. O ataúde se deslocava sobre o ombro de clérigos, “convidados mediante pagamento de compensadora propina”.

Ávidas por demonstrar sua sincera devoção e as qualidades morais de seus membros, as famílias mais notáveis acompanhavam o féretro representando personagens da Paixão: Madalena, São João Evangelista, Verônica, José de Arimatéia e Nicodemos. Em seguida vinham o Anjo Cantor – representado por uma jovem escolhida entre as famílias mais abastadas –, a guarda romana e a imagem de Nossa Senhora das Dores, ladeada por uma guarda de honra e trajada com um manto de veludo bordado a ouro, jóias valiosas e um resplendor de ouro sobre a coroa. Encerrando o desfile, a banda, com seus instrumentos adornados por laços de crepe, executava as marchas fúnebres que embalavam o cortejo.

O espetáculo da procissão do Senhor Morto era disputadíssimo e atraía praticamente toda a população da cidade, movimentando o comércio ambulante.  Nas calçadas e no vão das portas, negras vendiam bijus, pamonhas, cuscuz e arroz-doce em seus tabuleiros, faturando para si e para as sinhás. A mesma oportunidade tinham os aguadeiros e os vendedores de aluá (espécie de suco com frutas ou farinha). Os privilegiados, que moravam no itinerário da procissão, ornavam suas janelas com colchas de damasco e recebiam, com gosto ou a contragosto, parentes e amigos para assistir ao desfile.
Sábado de Aleluia

No sábado de Aleluia, era a vez de um rito vibrante e barulhento: a malhação do Judas. Representado por bonecos de palha ou de pano, preso em postes de iluminação pública ou em galhos de árvores (numa alusão ao seu suicídio), o apóstolo traidor era queimado pelos populares aos gritos, logo depois que os sinos anunciavam a aleluia litúrgica. Personificação das forças do mal, a boneco do Judas é, segundo alguns, um resquício de antigos ritos agrários europeus. A destruição de sua imagem representava para as comunidades camponesas a expurgação do mal e a certeza de uma boa colheita. Embora revestida de significado cristão, a prática adquiriu nova função: limitar as ações consideradas impróprias à comunidade que malha o Judas – em seu corpo desengonçado coloca-se o nome da vizinha fofoqueira, do marido adúltero, do comerciante ganancioso... O ato depura as ações e os pensamentos nocivos de cada um dos participantes, preparando-os para a renovação anunciada pelo domingo de Páscoa.

Depois de longos quarenta dias de “privação”, é hora enfim de festejar: que venham os presentes e os ovos de chocolate!

 
Texto escrito por Georgina Santos , professora de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autora de Ofício e sangue: a Irmandade de São Jorge a Inquisição na Lisboa Moderna (Lisboa: Edições Colibri, 2005).

Publicado na Revista de História da biblioteca Nacional e disponível para consulta no http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/pascoa-tempo-de-festa, acessado em 19/03/2013.


Revolução Industrial na Inglaterra

domingo, 17 de março de 2013

Origens do movimento reformista

A gravura mostra Lutero no púlpito, a direita, divulgando suas idéias reformistas.
http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/2975.htm


    Fatores religiosos, transformações políticas, econômicas, sociais e intelectuais, ocorridos na Europa, durante a transição do mundo medieval para a idade moderna, tiveram um papel relevante nos acontecimentos que levaram à Reforma Religiosa no século XVI.
    No aspecto político, o processo de formação das Monarquias Nacionais acentuou a consciência nacional. Os príncipes alemães viam a Igreja como uma potência estrangeira e os Papas justificavam-se afirmando a supranacionalidade da autoridade da Igreja , enquanto a dos reis era de caráter nacional.
    Economicamente, a acumulação de capitais, gerada pela revolução comercial, tornava-se realidade. A burguesia formada por homens empreendedores, não aceitava a condenação ao lucro, a usura e aos juros. A Igreja pregava a moderação econômica , o justo preço, o justo salário. Tais teorias entravam em choque com os ideais burgueses.
    Do ponto de vista religioso, a corrupção em alguns setores da Igreja, especialmente, entre o alto clero, despreparados para assumir condutas dentro da fé, da moral e da educação religiosa, era evidente. Podemos destacar como exemplos dessa vida desregrada:  a venda  e a veneração de relíquias e  a vida escandalosa do alto clero que viva no luxo, na ostentação e nem sempre respeitavam os votos de castidade.
     Reforma e Renascimento se entrelaçaram no que diz respeito à interpretação dos textos bíblicos dentro do principio da individualidade. Muitos teóricos renascentistas propunham uma menor obediência ao clero e uma maior proximidade com o Cristo dentro de uma disciplina regada pelo amor ao próximo, a verdade e a fé.

Por que Lutero teve êxito no movimento reformista?

Imagem de http://www.lutero.com.br/novo/img/lutero/igreja99.jpg


  Segundo o historiador Leo Huberman, uma das razões do êxito de Lutero foi o fato dele não lutar contra os privilegiados e apelar sempre para o espírito nacionalista dos seus adeptos. O reformista teve de traduzir os anseios da população alemã quanto a consciência nacional germânica, em processo de afirmação. Entendeu que deveria reformar a religião e não os interesses dos poderosos.
  Num momento em que a Igreja se tornava cada vez mais uma rival do Estado, é natural que as classes mais abastadas se interessem por um projeto que objetive submeter a Igreja ao Estado e também limitar as fronteiras da riqueza da Santa Sé.
 Assim, compreende-se a reação de Lutero, quando em 1517, expulsa da Saxônia ( um principado alemão) um dos enviados do Papa leão X, que percorria a região vendendo o vintém de Pedro, ou seja , bilhetes de entrada no céu.

sábado, 9 de março de 2013

Até século XI, a moda era comer com três dedinhos

 foto daqui.


Qual a origem dos talheres?
Jamais um artefato de mesa causou tanta polêmica quanto o garfo. Até o século XI, quase todo mundo comia com as mãos. Os mais polidos usavam apenas três dedos para levar o alimento à boca. Nesse século, Domênico Salvo, um membro da corte de Veneza, casou-se com a princesa Teodora, de Bizâncio. Ela levou no enxoval um objeto pontudo, com dois dentes, que usava para espetar os alimentos.
Uma heresia, pois o alimento, fornecido por Deus, era sagrado e tinha que ser comido com as mãos. Pouco a pouco, membros da corte e do clero foram adotando o talher. Mas o hábito demorou para pegar entre a população. O espeto ganharia mais dentes e só passaria a ser popular no século XIX.
A faca é o mais antigo dos talheres. O Homo erectus, que surgiu na Terra há 1,5 milhão de anos, criou a primeira faca, feita de pedra. Certamente não era usada na mesa. Servia para caça e defesa. Desde então, o homem sempre carregou uma faca. Na Idade do Bronze, que começou por volta de 3 000 a.C., elas passaram a ser feitas com esse material e se difundir. Nessa época, a mesma faca que servia para matar um homem era usada também para descascar frutas. O primeiro a sugerir que cada homem deveria ter um talher para ser usado exclusivamente à mesa foi o cardeal Richelieu (1585 - 1642), um fervoroso defensor das boas maneiras, por volta de 1630. Ao contrário da faca, a colher já surgiu com o objetivo de servir alimentos. Há registros arqueológicos de artefatos parecidos com esse talher com mais de 20 000 anos, feitos de madeira, pedra e marfim. Mas, no início, a colher era de uso coletivo, e parecia uma concha. “Quando surgiu o pão, há 12 000 anos, usava-se uma colher para jogar o caldo sobre ele”, conta o sociólogo Gabriel Bollaffi, da Universidade de São Paulo.

quinta-feira, 7 de março de 2013

O renascimento comercial e urbano europeu

   No período conhecido entre os séculos V e X, grande parte dos europeus ocidentais passou a viver em pequenas comunidades rurais cercadas por florestas e ligadas entre si por estradas quase desertas, frequentadas por ladrões e lobos. Essas aldeias produziam quase tudo o que consumiam, dependendo pouco do comércio para suprir suas necessidades. São os feudos.
   Com o passar do tempo, a maior parte das terras e de seus habitantes passou a ser controlada pelos senhores feudais. Muitos senhores eram nobres guerreiros que moravam em castelos e se encarregavam da segurança local. Mas, a igreja também possuía feudos. Os grandes mosteiros e abadias cristãos eram responsáveis pela produção cultural em grande parte de Europa ocidental.
Igreja e nobres exploravam o trabalho dos camponeses, que, em troca do uso da terra, da proteção de seus bens e de suas almas, deviam entregar boa parte do que produziam aos senhores.
   Esse sistema começou a mudar a partir do século XI, com o renascimento do comércio, das viagens e com o intenso crescimento das cidades. Grandes rotas comerciais passaram a cruzar mares e continentes, religando as regiões isoladas, e provocaram muitas das mudanças sociais, políticas e culturais.
   As cidades passaram a crescer em tamanho e população, renovadas com um comércio intenso, fazendo circular mercadorias, notícias, conhecimentos, idéias políticas e sociais. Uma nova classe social, a burguesia, surgiu e transformou a economia.
  A partir do século XI, o aumento do consumo de mercadorias trazidas de regiões distantes, fez a circulação de moedas renascer e passar a fazer parte da vida cotidiana dos europeus. Para facilitar as transações comerciais, foi adotado um padrão de moedas bimetálico: ouro e prata. As transações comerciais em dinheiro fizeram surgir os bancos, com os primeiros estabelecimentos tendo surgido em Florença.
   Com o renascimento comercial e o crescimento das cidades, muitas atividades se transferiram para as cidades, inclusive as culturais e religiosas. Abadias, mosteiros, universidades...
   Nas cidades os artesãos e os comerciantes se associavam para proteger os seus interessas, garantindo qualidade e organização na produção. Essas associações chamavam-se corporações de ofício ou guildas. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Absolutismo

... os monarcas se fortaleciam a partir do expresso apoio dado por  burgueses. A a burguesia pagava impostos para o financiamento de exércitos capazes de impor a autoridade real e fixar os impostos e moedas utilizadas em um mesmo território. Saiba mais..

sábado, 2 de março de 2013

A Decadência do Feudalismo


   A partir do século X teve inicio o processo de decadência feudal da Europa Ocidental, ganhando impulso a expansão territorial, as trocas comerciais, a formação dos Estados poderosos e o surgimento de um novo grupo social: a burguesia. Pouco a pouco estas mudanças foram substituindo as estruturas feudais, consolidando o que seriam as raízes do futuro sistema capitalista que vivemos na atualidade.
   O clima de insegurança que durante séculos atemorizou o homem europeu, devido às invasões bárbaras, deixou de existir, a partir do século X, a estabilidade fora restaurada. Com isso, a população da Europa ocidental, freqüentemente reduzida por guerras, fome e pestes, pode voltar a crescer.
   Os camponeses puderam dedicar-se mais intensivamente à agricultura, cultivando novas terras e aperfeiçoando as técnicas agrícolas, o que propiciou o fim das crises de fome e o crescimento populacional.
   O aumento da produção não acompanhou o crescimento populacional. O limitado desenvolvimento tecnológico e o fim das terras disponíveis na Europa, entre outros fatores , não permitiram um salto produtivo, estabelecendo uma nova situação de crise, a qual foi solucionada pela expulsão de milhares de servos dos domínios feudais.
   Constituiu-se um exército de desocupados que saqueavam e vagavam pelos caminhos e cidades, vivendo marginalizados e dependentes da caridade pública. Eram vistos como uma ameaça pelas autoridades.
   Nesse contexto de miséria, a peste negra, a fome e a exploração dos nobres, leva milhares de camponeses a revoltas que acabam acelerando a desestruturação das relações  feudais.