O sistema colonial implementado
pelos portugueses no Brasil começou a ser afetado ainda no século
XVIII, pelas transformações surgidas no
continente europeu. Fazem parte desse contexto a consolidação e expansão do
capitalismo industrial e a divulgação dos ideais políticos que sustentaram a
Revolução Francesa.
A insatisfação dos colonos com o controle excessivo que a metrópole
exercia sobre a colônia e os vários impedimentos aos colonos de manterem ou
instalarem indústrias têxteis ou siderurgia ( de ferro) provocavam o
aparecimento de tensões e conflitos entre colonos e colonizadores.
Durante o período colonial houve várias rebeliões envolvendo parte da
população e representantes da metrópole. As primeiras delas tiveram como
objetivo modificar aspectos da política na colônia, mas sem determinação de
separar a região rebelada, de Portugal. Foi o caso da guerra dos Mascates, da revolta de Vila Rica, da guerra dos Emboabas, etc.
No final do século XVIII e início do século XIX, aconteceram revoltas
que se distinguiam das primeiras porque tinham, entre seus objetivos, o propósito de romper com a
dominação por parte da metrópole e estabelecer a independência política das
regiões rebeladas. A Inconfidência
mineira pode ser entendida como um exemplo e sinal do esgotamento do sistema
colonial.
Diante dos vários denunciantes de tais movimentos, era constante a
violenta repressão por parte da coroa portuguesa, com objetivo de causar pânico
entre os opositores e revoltosos, muitas atrocidades foram cometidas e muito
sangue se derramou.
A ameaça de uma invasão pelo exército de Napoleão Bonaparte trouxe ao
Brasil a corte e a família real portuguesa . D. João organizou a estrutura
administrativa da monarquia portuguesa: nomeou ministros de Estado, colocou em
funcionamento diversos órgãos públicos, instalou órgãos de Justiça e criou o
Banco do Brasil. Mas foram as medidas econômicas que mais contribuíram para o
processo de emancipação política brasileiro.
A abertura dos portos às nações amigas se aplicava a outros países, além
da Inglaterra, que desejassem comercializar com o Brasil. Porém a taxa de alfandegária cobrada dos ingleses
era de 15%, enquanto para os outros países 24%, inclusive Portugal pagava mais,
a taxa era de 16%. Manufaturados ingleses inundaram o mercado brasileiro, sem
concorrentes, diante de um sistema comercial tão bem montado.
As mudanças introduzidas por d.
João nas relações entre Portugal e o Brasil, causaram prejuízos aos
comerciantes portugueses, que perderam os privilégios com a abertura dos portos
brasileiros e com o Tratado de Comércio e Navegação.
Em agosto de 1820, a burguesia lusitana iniciou a Revolução Liberal do
Porto, exigindo a elaboração de uma Constituição, a recuperação da economia
portuguesa, o regresso imediato de d. João VI
à Europa e o retorno do Brasil à condição de colônia.
As elites brasileiras ficaram apreensivas diante da possibilidade de o
Brasil retornar à condição de colônia. Setores das elites rurais e urbanas
começaram a defender a ideia de independência.
Em 26 de abril de 1821, d. João VI partiu do Brasil para Portugal,
deixando como regente seu filho, d.
Pedro. Manifestações pela independência ocorriam nos principais centros urbanos
do Brasil. O regente passou a ser apoiado pelos brasileiros mais moderados , influenciados pela liderança de José Bonifácio
de Andrada e Silva, e entendiam ser d. Pedro o único capaz de promover a
separação de Portugal sem traumas.
O governo português passou a exigir o retorno de d. Pedro à Europa, o
que alarmava as elites brasileiras, pois, o retorno certamente reconduziria o
Brasil à condição de colônia.
Em 9 de janeiro de 1822, d. Pedro se comprometeu a ficar no Brasil e
selou a sua aliança com a elite brasileira, era o dia que entraria para
história como o “ dia do fico”.
Em 16 de janeiro, d. Pedro nomeou um novo ministério, no qual se
destacava a figura de José Bonifácio de Andrada e silva, designado para o Ministério do Reino e Estrangeiros. Em maio,
foi publicado o decreto do Cumpra-se, pelo qual qualquer decreto enviado
pelas cortes de Portugal ao Brasil, só teria validade depois do aval do
príncipe regente.
Em junho, foi convocada a Assembléia Constituinte, que seria responsável pela
elaboração do texto da primeira Constituição brasileira.
Em 7 de setembro de 1822, depois que as cortes de Lisboa decidiram
anular decisões de d. Pedro, o regente oficializou a emancipação política do
Brasil. Aclamado imperador do Brasil, d. Pedro foi coroado no dia primeiro de
dezembro de 1822.
Para as elites brasileiras, fazer a independência com o apoio do
príncipe era a garantia de permanência de grande parte das
estruturas anteriores: a organização
socioeconômica herdada foi mantida, e o
novo Estado abriu-se para o acesso exclusivo das elites proprietárias
brasileiras. A escravidão e o latifúndio
continuaram presentes, e a monarquia que se estruturava nada tinha de
democrática. No plano político, mostrou-se opressiva, violenta, conservadora e
antipopular.
Na Europa, muitos países evitaram reconhecer o Brasil como Estado
emancipado. Na época, viviam-se os efeitos do Congresso de Viena, formado por
países europeus contrários às independências latino-americanas, e da formação
da Santa aliança, aparelho militar de repressão aos movimentos nacionalistas e
liberais, identificando com os Estados absolutistas.
Com receio da intervenção recolonizadora da Santa Aliança no continente
americano, o presidente dos Estados Unidos, James Monroe, defendeu, por meio da
doutrina Monroe (1823), a “América para os americanos”. O discurso visava
garantir a independência das colônias e abrir o mercado continental para os
Estados Unidos. Dois anos depois, a Inglaterra reconheceu a independência
brasileira, pois necessitava garantir os privilégios que os produtos britânicos
recebiam para ingressar no Brasil, desde o governo joanino. Para tanto, exigiu
a renovação dos tratados de 1810.
Portugal, reconheceu a
independência da ex-colônia somente sob pressões inglesas, porém, exigiu uma
indenização de dois milhões de libras esterlinas.
Bibliografia: Cotrim, Gilberto. História Global, vol. 2, ed Saraiva, São Paulo 2010, p. 222 - 231.
História, ciências humanas e suas tecnologias, Caderno de Revisão, ed. Saraiva, vários autores.
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