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Qual a origem dos talheres?
Jamais um artefato de mesa causou tanta
polêmica quanto o garfo. Até o século XI, quase todo mundo comia com as mãos.
Os mais polidos usavam apenas três dedos para levar o alimento à boca. Nesse
século, Domênico Salvo, um membro da corte de Veneza, casou-se com a princesa
Teodora, de Bizâncio. Ela levou no enxoval um objeto pontudo, com dois dentes,
que usava para espetar os alimentos.
Uma heresia, pois o alimento, fornecido
por Deus, era sagrado e tinha que ser comido com as mãos. Pouco a pouco,
membros da corte e do clero foram adotando o talher. Mas o hábito demorou para
pegar entre a população. O espeto ganharia mais dentes e só passaria a ser
popular no século XIX.
A faca é o mais antigo dos talheres. O
Homo erectus, que surgiu na Terra há 1,5 milhão de anos, criou a primeira faca,
feita de pedra. Certamente não era usada na mesa. Servia para caça e defesa.
Desde então, o homem sempre carregou uma faca. Na Idade do Bronze, que começou
por volta de 3 000 a.C., elas passaram a ser feitas com esse material e se
difundir. Nessa época, a mesma faca que servia para matar um homem era usada
também para descascar frutas. O primeiro a sugerir que cada homem deveria ter
um talher para ser usado exclusivamente à mesa foi o cardeal Richelieu (1585 -
1642), um fervoroso defensor das boas maneiras, por volta de 1630. Ao contrário
da faca, a colher já surgiu com o objetivo de servir alimentos. Há registros
arqueológicos de artefatos parecidos com esse talher com mais de 20 000 anos,
feitos de madeira, pedra e marfim. Mas, no início, a colher era de uso
coletivo, e parecia uma concha. “Quando surgiu o pão, há 12 000 anos, usava-se
uma colher para jogar o caldo sobre ele”, conta o sociólogo Gabriel Bollaffi,
da Universidade de São Paulo.
Fonte: Revista Superinteressante
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